domingo, 26 de setembro de 2010

Buraco negro

Para tentar me expressar vou até o fundo do meu sentimento, tentando sentí-lo o máximo que eu puder para poder entendê-lo e passá-lo a uma língua que todos entendam, mas, ah, como isso é difícil!

Imagine-se em um lugar escuro.
Vazio eu não sei se é, pois não existe luz para saber, mas a sensação é exatamente essa: de que não existe mais nada além de você.
E nada, nada pode te fazer sentir que esse vazio não existe...
Esse vazio, preenchido por inexistência, é um infinito de nada misturado com um som contínuo, sem modificações. Como se o grito de dor e o silêncio da não-ação estivessem ao mesmo nível.
Você sente que nada acontece, nada muda...
Sente que seu olhar está direcionado para um local tão distante, tão fundo que talvez ele nem exista...
Expressão vazia, quase que um robô melancólico.
Nada do que acontece faz sentido e tudo o que acontece não faz sentido, fazendo assim um sentido do não-sentir, que não há sentido algum.
Tudo o que há no externo não entra, seja por medo ou por retração.
Tudo o que entra é consumido pela escuridão e então não se sabe mais se está guardado ou se sumiu.
Não sei se sentir do todo ou o não-sentir é o nada ou o tudo.
Incógnita para quem vive, para quem vê, para quem ama e para quem se importa.
Um completo estado mórbido, onde vivo nada existe...
A sensação é de morte, mas enquanto há motivos para essa morte, ela não descansa, ela não faz o seu papel de morrer.
Os motivos, só que opostos, dessa morte também são os de vida, o que ainda assim não deixa de ser os próprios motivos de morte os que não te deixam morrer, que não te deixam desfalecer no completo vazio.
O vazio que se sente em uma multidão... tanta gente e ao mesmo tempo ninguém.
O vazio que se sente sozinho... onde você existe e ao mesmo tempo ninguém.
Vazio esse tão enorme, tão maior que você, que te engole, te sufoca, que sussurra em seu ouvido "Isso é difícil demais".
Vazio esse que não deveria ser meu e de mais nenhum outro.
Vazio que não se compartilha.
O único vazio que é tão cheio como nenhum outro recheio.
Vazio que se sente em meio ao desespero, como uma espécie de fuga.
Algo nem um pouco saudável, nem um pouco admirável.
O vazio errado, se é que existe um certo.
O vazio que mesmo sem sentí-lo ele permanece atrás de você, como sombra, toda hora pedindo para entrar.
Vazio que se abraça em momentos de medo, fraqueza e angústia, denunciando sua própria incapacidade.
Vazio que te puxa, que te destrói, mesmo estando tudo intacto.
Vazio que te mata todos os dias só por lembrar a você que ainda permanece vivo...

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